segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Do ouriço ao bilhó


Gondesende está rodeada de soutos de "castinheiros" que se distinguem na paisagem pelas suas copas frondosas. Alguns, pelo seu grande porte e idade avançada, chegam a ter direito a nome próprio como o "castinheiro da senhora", do alto de "à costa", que entretanto secou.

No final do verão os ouriços abrem-se e libertam as castanhas. Apanhá-las, por entre os ouriços espinhosos e de costas vergadas, não sendo tarefa fácil é cada vez menos compensadora, pois os compradores habituais pagam pouco e, por vezes, preferem comprá-las no estrangeiro.


No inverno à lareira com lume forte assam-se as castanhas, previamente mordiscadas para não estourar. Depois de assadas e abafadas para abrandar, são esbulhadas e transformadas em bilhós.

Quando não havia televisão e as veladas cresciam pela noite fora jogavam-se os bilhós à "reboliana". Os mais "guichos" ao jogo iam para a cama com os bolsos cheios para o mata-bicho ou merenda do dia seguinte.

domingo, 30 de agosto de 2009

Pôr do Sol em Maquieiros

A nossa aldeia fica numa pequena colina rodeada de montes. Da fraga da Orca, local onde as bruxas se encontravam para tecer, podem ver-se todas as casas e pombais.

Ao fim do dia o sol esconde-se em Maquieiros com a promessa de regressar no dia seguinte.

"Ainda que pareça que o sol se põe noutros lugares, como alguns dizem, é em Maqueiros que ele se esconde ..." assim lembrava a Maria Frada que Deus tenha, quando vivia em Sortes com a filha Mariana e via o Sol esconder-se na Sª da Serra.
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Os mais jovens e os seniores

Embora não haja crianças suficientes para manter a escola aberta algumas ainda brincam junto ao adro da igreja, no largo "d' ó tanque" e nos caminhos da veiga.

A Sílvia e o Simão são os mais pequeninos. A Sílvia ajuda(!) os pais a tratar dos animais enquanto ele faz carradas de areia e lenha com o seu tractor de plástico. Quando pode, ou o deixam, acompanha o tio Albino nos passeios de tractor.
No grupo dos seniores encontra-se a maioria sendo o lugar de "mais idoso" ocupado pela tia Cândida que apesar das suas 84 primaveras continua a descer diariamente as escadas da sua casa para ir para a sombra do cabanal.

As casas da nossa aldeia

Gondesende esteve muito tempo esquecida, perdeu habitantes e muitas das suas casas ficaram em ruínas. Depois, alguns descobriram a beleza deste cantinho e iniciaram reconstruções que terminaram em casas confortáveis, com fachadas que mantêm a traça herdada dos nossos antepassados.

O bairro "dó Cabo" é um dos que ficou completamente abandonado e actualmente conta já com 3 casas reconstruidas, qual delas a mais bonita.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Baceiro, o nosso rio

Por entre as árvores, os nossos olhos descobrem o rio Baceiro "aninhado" entre rochas gastas pelo tempo.

Águas límpidas e geladas onde se escondem trutas, sábias mas tão procuradas...

O suave múrmurio das águas ecoa pela montanha ...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma das nossas forjas

Esta é a porta da forja que noutros tempos serviu para apontar guinchas, ferrar burros e cavalos e até para cravar os aros dos carros de bois.

Como já não há ferreiros nem ferradores deixamos de ouvir o bater na bigorna e até o fole parou de bufar.


Hoje já é pouco utilizada mas continua pronta para recomeçar a sua actividade e a lembrar-nos outros tempos. Vamos recuperá-la para que não se perca o que ainda resta.

Imagens que ficam na memória

A nossa gente

Ainda que sendo poucos, os que ficaram, muito se têm esforçado por manter o legado dos nossos antepassados.


A participação na gestão da freguesia e as contribuições para ao organização de festas e convívios tem sido muito importantes para manter a união de todos.

Com a criação do grupo, quase confraria, "encheablusa" , procura-se através de jornadas gastronómicas promover a sã camaradagem entre todos.

O sucesso alcançado com as edições já realizadas prova o acerto desta iniciativa e incentiva a novas organizações.

A organização das festas religiosas tem contribuído para promover a união entre aldeias e manter viva a tradição dos desportos tradicionais: "jogo do fito" e "jogo dos paus". Este último já só se encontra nestas aldeias atrás da serra de Nogueira e corre sérios riscos de vir a perder-se se não for incentivado.

Também os jogos de cartas continuam muito populares e a garantir boas disputas, principalmente na sueca.

Contudo esta aldeia, ou mesmo a freguesia no seu todo, carece de uma iniciativa mobilizadora que agregue todo o povo (como se diz por estes lados), numa associação cujo lema principal seja o de recolher e manter as tradições desta região.
As tradições são muitas e ricas assim como a gastronomia e a sã camaradagem desta gente. As trutas, a caça e os enchidos são nestas paragens iguarias muito apreciadas, mas o folar da Páscoa os doces e os diversos petiscos e mesmo o pão caseiro contribuem para que aqueles que nos visitam nuca mais no esqueçam.


Se é verdade que muitos estão ainda com saúde para ajudar a conviver com um bom guizado de javali também não é menos certo que muitos, que povoam ainda as nossas memórias, já não se encontram entre nós.
A esses será prestada homenagem com a criação de um acervo histórico contendo fotografias e documentos


Com esta iniciativa lembraremos aqueles que contribuiram para a história da nossa aldeia mas, acima de tudo, permitiremos que os seus feitos e diabruras passem para as gerações vindouras.

À conquista dos paladares

Os tremoços do Albino, criados na terra de Lamas e curados na ribeira de Duçãos lá foram conquistar os paladares daqueles que entre umas cervejolas se divertiram nas festas da cidade.

Muito apreciados por todos, oferta de quem com eles cria vender mais cerveja, contribuiram para o bem estar de todos os amigos da borga.

As memórias de uma aldeia esquecida

Este cantinho nasceu para reunir as contribuições daqueles que não querem que os seus netos percam as raizes com o passado. Algures no nordeste transmontano uma pequena aldeia teima em resistir contra a invasão da cultura urbana que alastra do sul do país ameaçando varrer uma cultura ancestral.
Os poucos que ficaram e aqueles que cuja paixão pela aldeia os traz com frequência para estes lados procuram com jantaradas de convivio e longas conversas de fim de tarde manter aquilo que aprenderam com os que já partiram.