Este ano o frio tem apertado, já nevou duas vezes e, não fosse a chuva que não para de cair, certamente tudo estaria completamente gelado. Como não se pode sair de casa procura-se passar o tempo junto da lareira lembrando histórias de outros tempos em que não havia televisão nem rádio e as veladas decorriam entre conversas e umas suecadas. Nesse tempo era sempre bemvindo um bom conversador com novas peripécias e traganices para animar as brincadeiras.
Procurando num álbum de fotografias cá de casa encontrei uma tirada há já muito tempo no final de uma vindima. Nesta fotografia, igual a muitas outras que todos nós temos em casa, podemos lembrar alguns dos nossos vizinhos já desaparecidos mas de quem guardamos muitas e gratas memórias. O tio David, o tio Cerqueira, o tio Silvério e o Francisquinho já partiram mas são ainda da minha lembrança. Hoje apenas as duas princesas estão connosco, ainda que um pouco mais velhas. O tio Augusto, meu avó materno, grande animador das camaradas e amigo das traganices, já não conheci embora saiba de muitas das suas brincadeiras por mas terem contado.

Actualmente a televisão tem ocupado o espaço de convivio e reduzido a convivência entre todos. Deste modo se tem perdido muito do vocabulário que ainda se utilizava na nossa infância e as contas e landonas que não ficaram registadas. Contudo, os computadores e a internet permitem que possamos partilhar as fotos antigas e aquilo que cada um de nós ainda guarda na memória. Tudo isto faz parte da nossa cultura e nos identifica como povo, será que estamos dispostos a partilhá-las?
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