

Além da carne, o porco dava ainda outros produtos de grande utilidade como: o pingo (banha), o unto, o toucinho e os rijões (torresmos) que se conservavam ao longo do ano e permitiam temperar o caldo, untar as torradas de centeio e rijar (fritar) as batatas. Os rijões também podiam ser comidos com pão ao mata-bicho.
As matanças eram como rituais para os quais se convidavam os familiares e amigos mais chegados. Nesse ritual, em que os porcos eram sacrificados, o matador devia sangrar bem o animal sem lhe prolongar o sofrimento. Por isso, nem todos gostavam dessa tarefa que ficava normalmente a cargo dos mais velhos e experientes. Aos mais novos era reservada a tarefa de apanhar o bicho, segurá-lo e ajudar depois a prepará-lo, isto é, chamuscar-lhe o pelo, lavá-lo e rapá-lo. Por vezes o dono do porco dizia "... rapem bem o pelo que a patroa já vê mal..."

Depois do porco limpo e pendurado na escada eram retiradas as tripas. Cada aldeia tem a sua forma de realizar estas tarefas. Em Gondesende começa-se por retirar a couracha e a barbada ainda no banco mas as tripas só são retiradas depois de o porco estar pendurado numa escada.
O Sobeio que prendia o jugo ao carro das vacas era utilizado para pendurar o porco numa das traves da adega. Depois disto todos os que participaram na matança reuniam-se à mesa para comer os garrochos (pedaços da barbada junto ao pescoço) e o figado assados nas brasas. As mulheres da casa eram encarregadas da lavagem das tripas e da sua preparação para poderem ser utilizadas nos enchidos.
O dia terminava com um jantar em que normalmente não se servia carne de porco e a que se seguia um serão de boa conversa e uma suecada.
Actualmente tudo isto são apenas recordações que por vezes alguns, cada vez menos, ainda teimam em avivar.
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