Hoje todos madrugaram pois foi o dia do folar. As dúzias de ovos que já estavam destinadas ao folar foram partidas, com o cuidado de separar qualquer ovo menos bom, e batidas. Depois a farinha de trigo foi amassada com o fermento, os ovos e a manteiga até ficar na consistência certa. A massa foi depois colocada num cesto de verga, embrulhada num lençol de linho e vários cobertores e colocada perto da lareira para levedar. O calor do lume ajuda a massa, já um pouco morna por ser amassada com a manteiga ligeiramente aquecida, a levedar mais depressa.
Com a massa já leveda foi necessário fingir e colocar a massa nas formas, por camadas como é tradição, intercaladas com as carnes, toucinho, presunto, chouriça de carne e salpicão. Mas para isso alguém teve que cortar as carnes na dimensão certa, nem demasiado fina, nem demasiado grossa, pois o folar é muito mais saboroso com a gordura das carnes. Também foi necessário untar bem as formas para que o folar não se agarre durante a cozedura.
As estevas e giestas trazidas ontem da touça dá costa foram utilizadas para rojar o forno. O cheiro resinoso da esteva a arder tráz logo à boca o sabor do pão acabado de cozer. Com a massa nas formas untadas foram colocados pedaços de papel no cimo da massa, presos com pauzinhos, para que o calor do forno não queime muito a côdea do folar.
Também sobrou massa para ums bolas para os mais novos e até foi possível deixá-los fazer algumas experiências como aprendizes de padeiro.
Ao fim de duas horas, já o aroma do pão acabado de fazer, invadia todas as divisões da casa. Depois foi só desenformar e saborear o novo folar. O pão está macio e saboroso, talvez um pouco claro, mas agora os ovos são de aviário e com as gemas mais claras. Claro que fomos todos provar o folar,ainda quente, mas sem tocar na carne pois hoje é sexta-feira santa e dia de abstinência, "...nas condições que todos conhecem...", diria o saudoso padre João de Espinhosela.
Só de olhar, fico a babar!!!
ResponderEliminarBeijinho