Contava-se ainda que as bruxas aproveitavam as noites de lua cheia para se juntar numa qualquer encruzilhada e passavam a noite a cantar e a dançar. Num destes encontros participou um marreca que vinha de Espinhosela e ao chegar à Cruz de Paio, já perto de Gondesende, encontrou um baile animado em que participavam algumas mulheres que ele conhecia. Não sabendo do que se tratava decidiu juntar-se à festa e começou a cantar junto com elas: terças e sextas, terças e sextas…
No fim do baile uma delas disse: que é que lhe vamos dar por tanto nos ajudar?!
A marreca lhe havemos de tirar - foi a resposta que todas gritaram. E o homem logo ficou desempenado e sem o “pão” que tinha nas costas. No dia seguinte, ao sair da missa, um vizinho que padecia da mesma maleita pergunta-lhe o que ele tinha feito para estar tão direitinho. E ele em segredo contou-lhe a estória que se tinha passado. O marreca logo disse: então, também lá vou! E foi. Meteu-se no baile das bruxas e procurando ganhar mais qualquer coisita… cantava: terças e sextas, sábados e domingos também, terças e sextas, sábados e domingos também… No final, como da outra vez, uma das bruxas diz: e a este ? O que lhe havemos de dar pelos dias que nos acrescentou? Responderam todas em coro: a marreca que o outro deixou! e o homem lá ficou com a sua marreca acrescentada.
Uma das estórias que ainda hoje se conta passou-se em Oleiros quando numa certa noite um homem vinha do moinho com uma saca de farinha às costas. Ao chegar ao cruzeiro de Santo André, já exausto, parou para descansar e pousou a saca em cima da raiz de um carvalho. Entretanto, passam dois homens e ele pediu se o podiam ajudar a pôr a saca às costas para continuar a sua jornada que ainda era longa. E um deles diz: - ajuda-o lá tu que morreste de umas facadas…que eu não posso pois morri de uma caganeira! Claro que o homem já nem quis ajuda nem quis levar o saco… se usava ceroulas, estas não deviam ter ficado em grande estado!
Claro está que è a matriz Celta que partilhamos com os vizinhos Galegos que nos povoa a memória de bruxas e bruxedos. O vento continua a gemer durante as noites frias mas com a iluminação das ruas e com as deslocações de carro as bruxas vêem-se menos, mas que as há, disso ninguém duvida!...
Sem comentários:
Enviar um comentário