quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O Natal em Gondesende


Em 2009 Gondesende vai ter um Natal alvo de neve convidando-nos a todos a ficar à lareira. As familias já estão reunidas e os presépios feitos à espera que o menino Jesus nos venha trazer as prendas.
A todos aqueles que têm contribuido para este blog mais os que ainda vão tendo paciência para o consultar quero desejar um Santo Natal e um Ano Novo pleno das maiores venturas.

Gondesende, 23 de Dezembro de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Chegou a neve...




quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"Landonas"antigas


Antigamente, os pobres vagueavam pelo mundo.
Quando aparecia algum na aldeia toda a gente o mandava para casa da tia Libânia e do tio Gaudêncio, onde nunca faltava um cantinho junto ao lume e um palheiro quente onde pernoitar.
Nas noites frias de Inverno, ao serão e à volta do lume, estes pobres contavam muitas "landonas" e historietas que ficaram na memória dos mais velhos.
Um deles, vindo do "nada", pois ninguém sabia de onde ele era, chamavasse  Oliveira. Quando não estava com "o grão na asa" contava histórias que encantavam quem o ouvia.O Oliveira vivia nas ruínas de uma casa e da "bondade" das pessoas."Desvia-te nerguilho que o Oliveira quer passar!"dizia ele quando estava com a "pingoleta"...
Outros, entre muitos, eram o Greguilho de Sabariz e o Felisberto Nabalheiro que contaram muitas "landonas" que vamos registar para que não se percam no tempo.
Geralmente eram mandamentos e responsos, por sinal, bem "picantes"...Aqui vão alguns....

- Mandamentos do pobre -
São nove:
1ºDormir em palheiro
2ºAndar pelo mundo
3ºNão comer galinha nem carneiro
4ºNunca farto
5ºNão beber vinho branco nem tinto
6ºOlho listo e pé ligeiro
7ºNem fiado nem de empréstimo
8ºPiolho de rabo
e o nove, vê-se o cu ao pobre.


- Responso da ovelha ladrona -
Se queres que o lobo te não coma
Deita o rabo por cima da sanfona
E vai com duas horas de Sol
P`ra porta da tua dona.

- Mandamentos dos criados -
Altos mijaremos nós
Por muitas esmolas e mercês
Faltou-nos pão aos dois comeres
Mas chicha ainda temos menos
A culpa não a temos
A culpa é dos nossos amos
Deus lhes faça a eles moços e a nós amos
P`ra saberem as fomes que rapamos.

- Mandamentos do nabo -
São cinco :
 1º é nabo
 2º nabiça
3º grelo
4º cagá-lo
e 5º comê-lo.
- Responso do peido-
Este peido é cortez
É filho do rapa três
Quem o baptizou foi o Papa
E pôs-lhe o nome de Rapa
É d`engarganta-o tu
Livra  a nós e mama-o
Abre a boca e apanha-o.


- Responso do cão -
Abre-te minha boca
E estende-te meu rabo
Vamos daqui à cozinha
Ver se há qualquer coisa mal arrecadada
Deus nos dê mulheres descuidadas
E nos livre de rapazes novos em caleijos apertados.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Chichorras


Chichorras assadas  na brasa, com alho picado, sal e azeite, é um dos pitéus da nossa terra. No entanto, também são muito boas feitas na frigideira com ovos mexidos ou até estufadas com carne.
Este petisco fica em conta, pois custa apenas uma boa caminhada pelos campos, o que nunca é considerado um castigo mas sim um prazer...

No Outono, depois de umas boas chuvadas aparecem, as pinheiras e os níscaros nos pinhais, os abezós e as queimonas nos soutos e na beira dos caminhos encontramos os frades. Estes, por vezes, crescem tanto que parecem guarda-chuvas abertos e perdidos no campo...

É preciso ter bom "faro" e conhecer os sitios onde elas nascem e na nossa aldeia há autênticos especialistas no assunto e como "...o segredo é a alma do negócio...", não divulgam estes locais a ninguém...

Existem várias espécies de chichorras mas só se apanham as que se conhecem pois o risco é muito grande  e costuma-se dizer: "...todas são comestíveis mas algumas só uma vez...".
- As pinheiras-


-Os frades-

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Outono Polifónico


Sempre que se anuncia uma festa, um encontro ou mesmo o mapa da "partilha da água" para a rega das terras, esses cartazes ou avisos são colocados na porta da "loja", este por acaso está na porta da carpintaria do tio Figueiredo, que "Deus tenha em bom lugar".
Neste Sábado, depois de um dia frio e ventoso a apanhar castanhas e quando já doía o corpo todo, tivemos um fim de tarde cultural.

O Coral Brigantino que vai realizar quatro encontros neste Outono escolheu Gondesende para acolher o primeiro, esta iniciativa teve como convidado, o Coral Euterpe de Alhandra. A aldeia é muito acolhedora e possui uma igreja muito antiga do séc.XVII ou XVIII (não existem registos muito esclarecedores), valiosa e muito bonita, um espaço muito peculiar para este tipo de eventos.

Foi, um fim de tarde diferente, gélido mas muito agradável, e como "Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé",  e as pessoas da aldeia tiveram deste modo a possibilidade de assistir a um espectáculo a que não estão habituados e que é sempre do seu agrado... e como bom povo acolhedor que é, retribuiu a atenção com um magusto, uma boa lareira e um copinho de jeropiga para compensar o frio e a "secura" das gargantas depois de tanta "cantoria"...

Na nossa  igreja podemos admirar santos muito antigos e ainda bem conservados como a Senhora da Assunção que é padroeira da nossa aldeia, a Senhora do Rosário, o Senhor dos Passos, o Santo André (festa realizada no dia 30 de Novembro) e finalmente, o Divino Senhor pregado na cruz.
Este Santo, contam os mais velhos, quando estava a ser feito em madeira de pereira por um grupo de artistas que ficavam alojados na aldeia durante esse periodo, fez um milagre... estes comiam cada dia em sua casa e uma senhora que tinha de lhe dar de comer no dia seguinte e julgando não ter pão, foi ao forno e encontrou-o cheio de pão para saciar a fome aos artistas. E contam ainda, que quando se formavam grandes trovoadas, abriam as portas da igreja e acendiam-se oito velas no seu altar, e a trovoada passava ao largo da aldeia sem fazer grandes estragos...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O moinho da Veiguinha


No meio do verde e do silêncio encontramos o moinho que  há muito tempo está abandonado no meio do nada...

Há uns anos atrás, durante o Inverno, a aldeia utilizava o moinho de Duçãos, mais perto da aldeia, que se encontra junto ao ribeiro que vem de Espinhosela  e que nessa altura leva muita água.

Mas no Verão, quando a água escasseava, carregavam-se os carros de bois, os machos ou a burra com as sacas de grão e lá íam para a Veiguinha onde se encontra o moinho do Povo. Casa construida em pedra solta junto ao rio Baceiro que além de moagem servia muitas vezes de abrigo. Naquele tempo, após a cegada e a malha e já com as arcas cheias de pão não davam descanso ao rodizio.

O trabalho era moroso e só se regressava à aldeia depois de moer todo o grão que se levava. O pão era essencial para a alimentação e tal como diz o velho ditado  "... casa em que não há pão todos ralham e ninguém tem razão". O moinho de água  só funciona se houver um bom caudal de água que faça mover as penas do rodízio. Este, por sua vez, faz rodar a de granito, muito pesada, que esmaga o grão, transformando-o na tão desejada farinha. O grão, trigo ou centeio, é colocado na tremóia e caí pela canelha que esta ligada ao tarabelo que tem uma ponta romba encostada na mó. É o  trepidar do tarabelo na superfície rugosa da mó que faz cair o grão para o olhal.
A farinha caia para o fareleiro e por fim com uma pá de madeira era metiada nos sacos de pardo que as mulheres faziam nos teares da aldeia.

Enquanto houvesse grão o moinho não parava e durante a noite o sono era acompanhado pelo som repetitivo do tarabelo. Contam as más linguas que quando um casal pernoitava no moinho, o tarabelo sussurrava no ouvido do "moleiro" : vai-te a ela, vai-te a ela, vai-te a ela...


O moinho foi recentemente recuperado  assim como o espaço envolvente com o aproveitamento de uma mini-praia fluvial. Assim se conseguiu um espaço aprazível para os apreciadores de uns dias calmos junto ao rio com águas geladas e límpidas.

Mas ainda há quem se lembre do Bonito dà veiginha, moleiro de profissão, que se deslocava às aldeias próximas para recolher o grão em carradas de sacos que o arrocho prendia ao macho.  O seu moinho ficava um pouco mais abaixo e o seu trabalho era cobrado pela maquia com que ficava após cada moagem. Ao fim do dia, depois de trocar a farinha por mais grão para moer, montava no macho e lá regressava ao moinho. Tocado por um copinho e cansado da jornada por vezes adormecia em cima do macho que, habituado ao precurso, o conduzia sempre para casa. De manhã e depois do galo cantar a sua Maria lá encontrava o macho a pastar na eira com o moleiro ainda a dormir em cima. Não consta que alguma vez o macho se tenha perdido ou o dono tenha ficado pelo caminho.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Jantar dos "Encheablusa"

No nordeste transmontano aplica-se a velha máxima de "...quem não é para comer não é para trabalhar..." . Por isso, à grande disponibilidade e entrega ao trabalho desta gente  junta-se o gosto pelas patuscadas e comezainas. Hà cinco anos atrás, depois de muitas jantaradas passadas, nasceu a associação do "Encheablusa". Fundada por um grupo de amigos da boa mesa, de preferência bem regada e em boa companhia, de que se destaca o saudoso sócio honorário, Nuno Rodrigues.
Com o lema "comer como um abade" todos os anos, pela altura das castanhas, se realiza um jantar que reúne toda a  aldeia e os amigos que fazem questão de não faltar ao convivio. Para o repasto é seleccionado um restaurante nas redondezas que cumpra com os requisitos de qualidade e quantidade exigidos pela associação. Uma boa "pinga" é também uma exigência obrigatória.

O convivio deste ano começou durante a tarde com uma homenagem sentida a uma das sócias e ao  fundador da associação, já falecidos. Em sua alma foi celebrada  uma missa na igreja da nossa aldeia. Assim recordamos a amiga Julieta que apesar de estar longe não faltava a este convivio e o Nuno,amigo leal, trabalhador e bom garfo. Eles serão sempre lembrados com saudade.
À noite toda a gente se reuniu num restaurante perto de Bragança onde se comeu muito e bem, e se bebeu ainda melhor...A vitela assada na brasa, preferência da maioria, e uma boa bacalhauzada foram acompanhadas com apetitosas entradas, feitas com  produtos da região, terminando com as saborosas sobremessas.

Claro que o importante não é a refeição em si (dizem alguns!..) mas o convivio salutar entre todos e, principalmente, o descanso e homenagem prestados às mulheres da aldeia. Neste dia elas são poupadas aos trabalhos domésticos e tratadas com verdadeiras rainhas...

Apesar da aldeia ter pouca gente (mas boa, acrescentariam outros! ), está sempre disponível para jantaradas e festas  que, por vezes, se estendem às aldeias da freguesia. Muitos são aqueles que se associam a estas jornadas gastronómicas pelo que Gondesende, sendo uma aldeia pequena, serve de modelo às aldeias vizinhas onde a união não é tão evidente.





O convivio deste ano correu muito bem e no final todos pareciam satisfeitos. Para o ano, se Deus quiser, lá estaremos para marcar presença em mais um "Encheablusa"...  Até lá estão já agendadas algumas sessões de treino a realizar na casa do povo de Gondesende, a bem do convivio e da tradição.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O dia da aguardente

O termo de Gondesende já foi o lagar da freguesia. Nesse tempo Portela, Oleiros e até Espinhosela tinham vinhas nos terrenos das Barrondas, do Vinhago, de Bárrios, ao Barreiro e até no lombeiro dà Costa de onde saiam as uvas com que se produziam as pingas que por cá se bebiam.
Destes terrenos saíram vinhos que, segundo se diz, tinham qualidade que recompensava o muito trabalho que davam a produzir. Nesse tempo todos tinham proa no seu vinho quando convidavam os amigos para beber um copo.
Contudo, a desertificação destas terras levou ao abandono das vinhas e os terrenos, outrora cultivados, estão hoje transformados em touças de carvalhos ou soutos novos. Hoje, as poucas uvas que se colhem são criadas em parreiras junto à aldeia. Aqueles que teimam em manter a tradição têm as tinas e lagares cada vez mais vazios ou compram uvas noutras paragens.
Depois do vinho ferver e de se espremer o bagaço vem o dia da aguardente. Nesse dia trazem-se os potes de cobre para a porta da adega e coze-se o bagaço produzindo a bagaceira para matar o bicho nas geadas manhãs de inverno.
Tempos houve em que se desenjoava com pão centeio nozes e um golo de aguardente.
Outros, como a tia Isaura que Deus tenha, bebiam-na pelo dia fora em pequenos golinhos para aliviar as dores das pernas e assim reduzir o cansaço.
Por vezes metiam-se no pote umas peras de inverno embrulhadas num pano que coziam no vapor e eram depois comidas com açúcar. Esta sobremesa é ainda hoje muito apreciada.
Actualmente já não é por necessidade que se faz tudo isto mas sim pelo gosto que os mais velhos têm de ensinar aos mais novos e assim perpetuar tardições. Por isso os netos e os filhos juntam-se aos pais e avós nestas tarefas onde também já participam as mulheres.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Chegou o Outono...

As colheitas deste ano estão já arrecadadas e o frio já mostra vontade de voltar. Depois do "alboroco" do feno, das acarrejas do cereal e das malhas tudo fica mais sossegado e o trabalho abranda. As festas do verão que terminam com a Srª da Serra e a Stª Rita também já passaram, sendo esta última sempre muito concorrida, quer durante as novenas, quer no sermão e procissão do dia da festa. Em Terroso as merendas no souto por cima da estrada e o jogo dos paus são sempre muito participados.
O Outono faz-se anunciar pelos primeiros frios e pela queda das folhas das árvores. A paisagem que no verão era verde começa a tingir-se de tons de castanho, rosa e até matizes de vermelho. É nesta época do ano que o nordeste transmontano mostra toda a sua beleza. Por ora ainda se vê alguma verdura mas daqui a duas ou três semanas serão os tons quentes a dominar. As árvores vão despir-se mais uma vez e em breve voltará a apetecer o aconchego da lareira.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A Bolsa do Correio

Já poucos se lembram de como as cartas e aerogramas vinham ter com os habitantes de Gondesende. Era na carreira da tarde que chegava a bolsa que alguém ia buscar ao Abrigo para ser aberta na casa do correio. Aberta a bolsa e retirado o correio de Gondesende era outra vez fechada com a correspondência destinada a Espinhosela. E todos procuravam as suas cartas na casa do correio onde muitas vezes também pediam apoio na leitura.
O responsável pela bolsa lá partia para mais uns kms a pé levando a bolsa a Espinhosela, ou melhor, à Dª Aninhas. Esta senhora era a dona da taberna, função que acumulava com a de responsável pelo PBX que ligava a Bragança e a distribuição do correio.
No inverno já se regressava com a bolsa de noite e as bruxas da encruzilhada de Paio ou o caminho fundo das Cortinhas já incomodavam os menos afoitos. Mas as cartas e aerogramas, esses sempre chegaram ao seu destino.
Nos últimos anos era a tia Laucena que Deus haja e a sua família que distribuíam a correspondência por Gondesende e Espinhosela. A casa do Correio durante muito tempo era a casa do tio Celestino onde ainda se encontra a caixa.
Hoje já poucos são os que escrevem pois as cartas têm perdido o encanto de outrora e os computadores já as substituem. A correspondência que ainda vem para a aldeia, os avisos da décima, as contas, ou os vales com as pequenas reformas já vêm na froguneta vermelha dos Correios.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A oração (os cinco sentidos)

Primeiro é ber
Segundo oubir
Terceiro cheirar
Quarto gostar
Quinto apalpar

O que é ber?
Os pecados que cometemos
Para os ir confessar
A um confessor que escolhermos

O que é ouvir?
A missa com atenção
Estar a ela com atento
E fugir da murmuração

O que é cheirar?
Os falsos gostos da vida
Para os ir gozar à glória
Que Deus nos tem prometida

O que é gostar?
Do santíssimo sacramento
E recebê-lo com devoção e atento

O que é apalpar?
O corpo com abstinência
Abri-lo com cilícios
E apertá-lo com penitência

Mariana de Jesus
(90 anos em 10-08-2009)

A oração era ensinada aos garotos de Gondesense, na doutrina, ministrada pelo tio quatro.
Além de ensinar os garotos também rezava a via-sacra.
Este não tinha o olho esquerdo e metade do nariz, porque tinham sido comidos por um porco, no berço, quando era bebé.
(recolha feita pelo Rogério e pela Luisa)

Pão caseiro

Cozer pão é, quase, um ritual religioso. Elas rezam quando a massa vai levedar e quando metem o pão no forno.As orações não são bem iguais mas o sentido é o mesmo... Depois de amassar aconchega-se a massa entre lençóis e mantas para a manter quentinha e rezam, fazendo três cruzes com a mão:

- São João te faça bom pão
E São Mamede te levede
Em louvor de Deus e da Virgem Maria
Um Pai Nosso e uma Ave Maria

Diz a Maria do Rosário que aprendeu com a mãe, senhora que no seu tempo cozia grandes fornadas de pão pois a familia era numerosa... Mas a Manuela que é do concelho de Vinhais, casada em Gondesende, diz:

-São João te faça bom pão
E Santa Marinha te traga a anjinha
Em louvor de Deus e da Virgem Maria
Um Pai Nosso e uma Ave Maria.


Enquanto o pão leveda , acende-se o forno, que se mantem a arder durante um bom "pedaço".... Quando a "palameira" do forno já está branca,varre-se com um vassouro de "canileiro"e tiram-se as brasas que sobram. Com o pão já "levedo", "finge-se" fazendo da massa as "bôlas" que se metem ao forno. Com a pá fazem-se três cruzes na boca do forno, dizendo:

- São João te faça bom pão
E São Vicente te acrescente
Cresça o pão no forno
E a Paz em casa do dono
E a Paz pelo Mundo todo
Com a graça de Deus e da Virgem Maria
Um Pai Nosso e uma Ave Maria.
- Diz a Maria do Rosário.

A Manuela por sua vez,reza:
- Cresça o pão no forno
O bem pelo Mundo todo
E a Fortuna em casa de seu dono
Em louvor de Deus e da Virgem Maria
Um Pai Nosso e uma Ave Maria.

Mas por "pirraça", há alguém que diz:

São João te faça bom pão
E São Bento te acrescente
E tanto cresças tu como as "cachas" do meu cu...

Em Gondesende não há casa que não tenha forno, havendo ainda muita gente que gosta de cozer pão. Quando, no Inverno, anda muita gente a cozer, paira no ar um cheirinho de "esteva a arder", que desde sempre está guardado na nossa memória.

- Ó mulher, onde vais tão ligeira?
- Tou com pressa, trago o forno a arder...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A caminho de Soeira

- Bonjour! Soeira, s'il vous plait! Pergunta o casal de franceses à entrada da aldeia.

Alguém responde, prontamente, com vontade de ajudar:

- Não há que enganar! Atravessam a aldeia, descem o Pomar, passam à Carramana, nas Barrondas, e descem p'ro rio. Atravessam a ponte, sobem Maquieiros e do outro lado do monte, fica Soeira...

O casal agradece e parte decidido. Fica a dúvida! Será que eles entenderam as indicações ou não quizeram ficar "mal vistos".
Se a intenção, era a aventura e a descoberta, encontraram o sítio certo!
O maior problema é que no meio do monte não há placas para indicar o caminho e muito menos gente a quem perguntar. Mas, se porventura, encontrassem algum pastor, as indicações seriam as mesmas... Não há que enganar!!