quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Uma pequena história passada em Gondesende em 25 de Agosto de 1961

Corria o ano 61 do século passado e era final  de Agosto. Os dias eram longos e quentes e as malhas deste ano já estavam feitas. A luz eléctrica ainda não tinha chegado à aldeia e, nessa altura, Gondesende alumiava-se com as candeias e candeeiros a petróleo ou a lampião quando era preciso ir à adega ou acomodar a cria. O Sr. padre António que vivia na abadia, esse, já se alumiava a petromax. A rapaziada nova recorria às “focas” ou “facheiros” de palha sempre que os bailes nas aldeias vizinhas os obrigavam a caminhadas pela noite dentro. Ainda que habituados a andar de noite as poldras e esterqueiras eram obstáculos que exigiam alguns cuidados.
Nesse tempo também ainda não tinha chegado a estrada a Gondesende. As idas à cidade faziam-se a pé, pelo caminho de Oleiros, ou na carreira do Sr. Dias que passava no abrigo. Para isso usava-se o caminho de “Calhelha” e passava-se ao pé do moinho de Portela para chegar à estrada. Os carros particulares eram ainda poucos e pouco utilizados.
A filha mais nova do tio Augusto estava de esperanças do primeiro filho e a coisa estava para breve. Hoje já cá esteve o Dr. Jota que pediu para o chamarem se a coisa se abreviasse. O que vale é que o telefone está na casa dó cabo e a tia Imperatriz, mãe da rapariga, se for preciso rápido telefona ao médico. Já era noite quando se rebentaram as águas e o médico foi chamado. Como a coisa podia dar para tarde o Dr. Jota veio no seu carro ligeiro e trouxe o sogro para lhe fazer companhia.
A Cremilde, era esse o nome da cachopa, apesar de já ter alguns aninhos, vai ter o primeiro filho e está um pouco assustada. O Dr., depois de se inteirar da situação, disse: “o melhor é ir para o hospital, pois os partos em casa podem dar para o torto e, como se trata do primeiro filho, provavelmente teremos que o tirar a ferros”. Mas já é de noite escuro e o caminho de Oleiros está um pouco rebentado. As rodeiras deixadas pelos carros de vacas com as carradas de trigo que vieram das “chainras” e "dós fornos" não facilitam a passagem dum carro ligeiro. Mas o pior são as pedras, essas é que podem furar um pneu ou abrir a suspensão.
Gondesende sempre foi uma terra de solidariedade em que o povo tem o hábito de ajudar. A prima, um pouco mais velha, conhecia bem estes apertos pois já cá tinha posto três filhos, e logo se ofereceu para ajudar. E assim foi, na frente do carro do Sr. Doutor lá foi tirando as pedras e ajeitando o caminho para que este pudesse passar até ao alto de Oleiros. Para ajudar levou a Augusta, filha do Zé Rabal de Portela, que na altura vivia com a sua madrinha que também era a avó do rebento que tanto trabalho estava a dar.
A criança nasceu já de madrugada no hospital e dos ferros que o ajudaram a vir ao mundo guarda ainda as marcas nas fontes da cabeça. Já homem feito ainda se lembrava com frequência desta odisseia que a mãe lhe tinha contado logo que ganhou entendimento. Quanto à prima que ajudou a que o carro do Dr. Jota chegasse ligeiro ao hospital era actualmente a pessoa mais idosa da nossa aldeia e deixou-nos recentemente. E eu, que fui o responsável por todos estes trabalhos, decerto sentirei a sua falta no alto da escada da sua casa dó tanque quando voltar a Gondesende.
Com esta singela homenagem apenas procuro registar mais uma daquelas pequenas histórias da nossa aldeia que fazem as nossas recordações.
Que a tia Cândida descanse em paz.
Mário

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Neve em Novembro...

O início do caminho fundo das cortinhas ao pé da casa do tio Zé David
Os chãos de à fonte do Cabo
O souto novo de ó Carril
O bairro dó Cabo visto de á Costa
Um castanheiro na cemba de um dos chãos de ó Carril
http://www.hermisende.com/dialecto.htm

sábado, 6 de novembro de 2010

Desporto de Outono

Este, sim! Deve ser considerado um desporto da Natureza. A "apanha da castanha" é um dos que tem mais praticantes aqui na nossa zona...
Na aldeia, ficam apenas os mais velhos, a quem a idade já não lhes permite tanto exercício, os restantes encontram-se espalhados pelos soutos que a rodeiam.
Todo o Santo dia "abaixo,acima" ou melhor, de "rabo pró ar", posição muito ingrata por sinal!
Os que consideram este, como um desporto amador, preservam a tradição e utilizam, ainda, o "ingaço" e a cestinha de verga... os profissionais: baldes, luvas, joelheiras e fazem-se acompanhar de máquinas, os assopradores e até, com engenhos que já apanham as castanhas.
Os sons da Natureza, as gargalhadas e as conversas de outrora são substituidos pelo barulho dos assopradores que levantam no ar, folhas e ouriços, deixando expostas as ditas castanhas.
No entanto, na tabela classificativa, os javalis ocupam um bom lugar...deixando só cascas por onde passam..."fazem bem a parte deles".
No final do dia e quando, finalmente, levantamos a cabeça, nada melhor do que nos deliciarmos com um lindo pôr-do-sol de Outono...Que é quando agrada mais a cor do dia, "ao despegar do trabalho!"
CASTANHAS! Só em "bilhós" ou assadas no forno a acompanhar um bom naco de lombo de porco!!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Fomos "Encher a Blusa" a casa d' O Silva



A povoação de Gondesende tem por hábito reunir os amigos em alegres convívios e "comezainas" em que, à mesa, se partilham estórias e memórias de outros tempos. Para estes encontros trazem-se sempre os mais novos que agora, ao contrário do que acontecia antigamente, partilham a mesa com os adultos. Muitos destes almoços e jantares decorrem na casa do povo da aldeia com todos a trabalhar, uns na cozinha, outros na sala e outros ainda em casa a fazer sobremesas que depois se partilham entre todos.
Para que, pelo menos uma vez por ano, todos possam sentar-se e comer descansados foi criada a associação "Enche a Blusa", de inscrição facultativa e aberta a todos os amigos. Esta associação conta já com alguns anos e com muitos jantares onde a boa mesa e o convívio não faltaram. Embora nem sempre todos participem, pois há afazeres que não podem esperar, não há memória de um jantar sem noite bem passada.
Depois da missa por alma dos que já não podem participar (Nuno, Julieta e, mais recentemente, o Fernando), fomos todos para o jantar. Este ano o jantar foi no Restaurante "O Silva" que fica no bairro da Estação, em Bragança.  Cerca de quarenta sócios compareceram à chamada para um jantar com entradas, prato de peixe e prato de carne mais sobremesa e acessórios. A pinga, branca e tinta, era da Adega Cooperativa de Favaios e esteve à altura do repasto. O bacalhau assado e a vitela estiveram muito bem e foram  servidos à descrição, o mesmo já não se pode dizer das sobremesas. É uma pena que um restaurante com os pergaminhos d´O Silva tenha servido alguma doçaria de pacote. Ai que saudades do arroz doce da tia Belmira!...e dos pudins de ovos das festas, e até uma boa fruta teria feito melhor figura.
A paisagem de Gondesende está cada vez mais bonita, os vermelhos dos "cerdeiros" e parreiras misturam-se com os amarelos e castanhos das nogueiras e castanheiros para com estas tonalidades quentes fazer esquecer o frio que já começa a aproximar-se. Quer se olhe para Castromil, quer se olhe para as Barrondas o verde vai lentamente cedendo o lugar às novas tonalidades. Em breve teremos aí as geadas e os nevoeiros de inverno. Mas enquanto o frio não chega é tão bom apreciar esta espécie de despedida do verão. 

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Outono em Gondesende

O verão foi-nos deixando lentamente à medida que os dias encurtavam e o frio começou a apertar. O Sol, quando se esconde em Maquieiros,  já se deita cada vez mais cedo e mais próximo de Soeira. As colheitas deste ano já estão recolhidas, e todos aguardamos que o Inverno chegue.  O verde da paisagem dá agora lugar aos tons rosa, amarelos e castanhos que tornam tudo ainda mais bonito. A natureza despede-se em beleza de mais um ano com a promessa de um inverno rigoroso que todos convida para a lareira.
Os mais "experientes" procuram aproveitar as últimas tardes de sol para conversar sobre os anos e experiências  passadas. Vasto tema de conversa pois alguns casais já festejaram as "bodas de ouro". Nesta idade é bom ver os filhos já grandes e a natureza a repetir-se ano após ano como se o tempo não tivesse passado por nós. Aqui ainda se pode viver como se  um "bocadinho" de céu pudesse existir na terra.
Para passar o fim da tarde vamos lá pôr as castanhas no assador para fazer um bolso de "bilhós"....   

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O carro das vacas

Em Gondesende, há cerca de dez anos, ainda  se ouvia o chiar dos carros de bois durante os fins de tarde nos dias de verão. Primeiro eram as carradas de feno que se guardava nos palheiros e depois do alboroque do feno eram as acarrejas para trazer o cereal para as eiras, onde era depois malhado. Os eixos dos carros de bois, feitos de madeira dura, carvalho ou freixo e normalmente rachados, gemiam apertados pelas tarraxas enquanto traziam as colheitas para casa. De vez em quando eram untados com sabão ou sebo para lhe ajustar o cantar e proteger a madeira.
Uma das últimas famílias a utilizar o carro de bois foi a da tia Cândida que há cinco ou seis anos vendeu as vacas e passou a utilizar o tractor no trabalho do campo. Os animais dão muito trabalho e exigem uma atenção constante mas as pessoas vão envelhecendo e perdendo a disponibilidade e paciência para essas andanças. Em Gondesende há muito tempo que as juntas de bois haviam sido substituídas pelas de vacas, menos fortes mas criadoras de vitelos. Os carros e restantes alfaias continuaram os mesmos ainda que as carradas tivessem sido reduzidas...
O tio Augusto da Cândida com a sua enorme paciência e saber, contou-me como levou uma torada de madeira com mais de 3 toneladas desde "ó macal" até à lameira "dó porral" ao pé da estrada. Nesse tempo, trabalhava ele na casa dos Baptistas onde havia sempre uma boa junta de bois, mas nesse dia mesmo com animais fortes e bem tratados ainda foi necessário aquartar algumas vezes com outra junta para vencer as ladeiras que levam a Portela. Durante a conversa mostrou-me o carro que comprou ao Seixas de Espinhosela e que ainda conserva depois de o ter utilizado durante alguns anos e o ter emprestado ao tio Delfim quando decidiu vender as vacas. O carro dele, ainda que tenha sido sempre estimado, já necessita de alguns cuidados do carpinteiro. O problema é que já não é fácil encontrar quem saiba desta arte. Em Formil havia um bom carpinteiro assim como em Santa Comba de Rossas e aqui ao pé, em Oleiros, o Luís e o irmão também eram bons artistas, mas alguns já morreram e outros já estão velhos demais para um trabalho tão árduo. O mais difícil de fazer eram os rodados em que as cambas e os meões exigiam um grande trabalho para talhar e ajustar. Ao talhar os buracos dos rodados sobravam pedaços de madeira com a forma de meia lua que serviam depois para fazer as tropeças onde nos sentamos à lareira nas veladas de Inverno. Os do carro do tio Augusto já são de ferro mas os antigos eram em madeira e bordeados pelo aro metálico ajustado pelo ferreiro.  As vacas eram presas ao jugo com as cornais e o sobeio prendia-as depois ao carro. As molidas e as rodelas protegiam a cabeça e os cornos das vacas durante o esforço para puxar os carretos ou as alfaias durante o amanho da terra. Quando uma vaca estava ainda brava ou tinha um feitio difícil recorria-se ao azear para a obrigar a obedecer ao lavrador. E se o trabalho era próximo de terrenos já cultivados então era a focinheira que, colocada na cabeça do animal, evitava que as vacas fossem pastando as colheitas enquanto trabalhavam a terra.
Todos estes artefactos o tio Augusto conserva ainda para poder mostrar aos seus netos mas o progresso certamente irá substituir todas estas ferramentas e utensílios por sistemas mecânicos feitos bem longe e de forma muito mais impessoal. Em Gondesende, situado dentro do parque natural de Montesinho, e seguindo o exemplo do tio Augusto urge reunir e preservar este espólio cultural para podermos mostrar aos vindouros e manter assim a nossa cultura.
Música Galega sobre o carro de bois:

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A azáfama do verão

Os afazeres desta época de verão costumam ser muitos aqui por Gondesende; primeiro o feno e depois as ceifas a acarreja e as malhas. A mecanização veio ajudar pois no passado estes dias eram para trabalhar de sol-a-sol. Aqueles que fazem férias no verão vêm para ajudar na agricultura e assim cuidam a preparação física, tudo isto sem ter que pagar o ginásio.
Uma falha da internet, sim! porque aqui em Gondesende a tecnologia também falha, não tem permitido actualizar regularmente o nosso blog. Por hoje deixo-vos com este desejo de boas férias e a promessa de regressar em breve.

domingo, 20 de junho de 2010

O milagre de São Fagundo

Contavam os mais velhos que nasceu uma vez uma criança na aldeia que durante a sua infância revelou alguns problemas de fala. Ainda que crescesse e brincasse como as outras crianças não havia maneira de começar a dizer as primeiras palavras. Como na altura não havia terapeutas da fala e os médicos escasseavam, as famílias procuravam nos chás e mezinhas a cura para os males que apoquentavam os seus. Quando isto não era suficiente ou a maleita mostrava resistência, então recorria-se aos Santos pedindo apoio e cura. E assim foi com este caso.
Dizia a tradição que o S. Fagundo, santo residente em Vinhais, tinha o condão de resolver este tipo de problemas. A mãe preparou então a viagem a Vinhais e juntou à merenda um galo vivo para pagar a ajuda do Santo.  Lá foi a mãe e a criança de abalada para visitar o São Fagundo. Conta a tradição que mal o petiz avistou o campanário da igreja se lhe soltou a língua e disse claramente: "...ó mãe C...lho, não dês o galo ao santo...".
Depois disso não houve mais problemas de expressão e a criança cresceu e tornou-se num homem da terra. Dizia por vezes que trazia sempre no bolso um pedaço de pão pois não queria que nenhuma bruxa o visse quando estava em jejum. Mais tarde um seu descendente dizia com piada  quando a mãe lhe dava milhos doces, "...comi milhos doces e pixima quinela..."
Eram estas estórias que na nossa infância, nas longas veladas de inverno à volta da lareira, os mais velhos nos contavam, pois nesse tempo não havia televisão ou rádio e a iluminação ainda era a candeia...

domingo, 23 de maio de 2010

"Dia do Corpo de Deus" - Festa de Gondesende, 3 de Junho de 2010


A aldeia tem como festa principal o "Dia do Corpo de Deus", sempre numa quinta-feira, este ano será no dia 3 de Junho. O grupo de mordomos deste ano tem praticamente tudo pronto para o grande dia.
O dinheiro para pagar as despesas com a organização; música, prémios para os jogos tradicionais e festa religiosa, está praticamente todo reunido. E o que ainda falta virá da quermesse e do bar. O trabalho esse fica a cargo das pessoas cá da terra. 
Este ano teremos torneios de sueca, paus e fito, missa com o sr. Padre João e procissão pelas ruas da aldeia. Se tudo correr bem e não chover, "O Sindikato", será o grupo musical que vai animar o baile no largo "dó lameiro". Todos estão já convidados para um pé de dança pois não vão faltar as modinhas e corridinhos e como o largo já está empedrado não se levantará muito pó.
Para manter viva a tradição iremos organizar o jogo do fito e o jogo dos paus que serão realizados, como sempre, no fundo do pomar, perto do campo da bola. Os prémios serão os do costume. Se o dia estiver quente não faltarão também as bebidas frescas.

Sendo esta uma festa religiosa também teremos missa e procissão. Além dos familiares e amigos dos habitantes da aldeia deveremos também ter cá os nossos vizinhos das outras aldeias da freguesia. Esperemos que tudo corra bem e, como de costume, que todos se divirtam.
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segunda-feira, 17 de maio de 2010

O sossego das noites em Gondesende

O sol acabou de se esconder no cabeço de Maquieiros e a noite cai agora lentamente sobre a nossa aldeia. O dia esteve hoje um pouco mais quente e o horizonte tingiu-se de tons avermelhados antes de escurecer totalmente. Hoje já é raro o mordomo do sino tocar às trindades e esses toques já não anunciam o fim de mais um dia de trabalho. Há tradições que deviam manter-se pelas recordações que nos trazem.
Tal como nos tempos de infância as noites estão ainda povoadas de bruxas, medos e histórias de encantar. Depois do sol se esconder apenas os animais do monte se entregam às suas lides. Nas touças e soutos de Marnuno ouve-se por vezes uma coruja ou o piar de um mocho agoirento. Noutros tempos escutavam-se, nas noites geadeiras de inverno, os uivos dos lobos no Monte Escuro. Esses sim, quando andavam piegos, só de ouvi-los deixavam-nos um arrepio na espinha. 
Agora apenas se ouvem, de vez em quando, os latidos (gaugar é o termo que mais usamos) de uma raposa à procura de um galinheiro mal cerrado. Finalmente o sossego, por vezes tão silencioso que até incomoda. Quando o Baceiro leva muita água e o vento sopra a favor ainda se ouve o barulho das cachoeiras. Mas a primavera já vai alta e o rio tem menos caudal.
Como Gondesende fica mais baixo que as aldeias vizinhas depois de escurecer só se avistam as luzes da aldeia de Maçãs. A 8 km de distância em linha recta, lá estão elas sempre presentes a lembrarem-nos que afinal não estamos sós. Por cima o céu estrelado está hoje tão claro que até o caminho de Santiago se vê perfeitamente. Vá, vamos dormir que é tarde e amanhã  temos mais um dia de trabalho.
Deus nos dê boa noite...

terça-feira, 11 de maio de 2010

"Galo no pote"

Este Domingo acordou escuro e com “cara de chuva” mas um grupo de corajosos meteu “pernas ao caminho” e resolveu cumprir os planos para esse dia, um Passeio pedestre nas redondezas da aldeia. Como o tempo não permitia, o passeio não foi muito longo, fomos até Portela e regressamos a Gondesende deliciando-nos com a bela paisagem que sempre nos acompanhou durante toda a caminhada.

Quando chegamos à aldeia a azáfama era geral, os potes estavam ao lume, as mesas estavam postas, a canja fervia na panela… O cheirinho que pairava no ar prometia um belo repasto. Mais uma vez, tivemos um almoço/convívio na nossa Casa do Povo sendo a ementa um pitéu de lhe” tirar o chapéu”, “galo no pote” regado com bom vinho tinto. Juntou-se muita gente e a animação foi geral estendendo-se pela tarde fora…

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sai sempre !

A quermesse da Festa de Gondesende, finalmente, está terminada. Todos os artigos estão já numerados e a cada um corresponde o respectivo papel da sorte. As rifas estão já todas enroladas na caixa de chapa à espera daqueles que queiram tentar a sua sorte. Nesta quermesse tanto pode sair um boneco de louça, como uma garrafa de champanhe ou ainda as tão famosas e apreciadas cestas e cestos de verga...
Estão, desde já, convidados a jogar... pois neste caso "SAI SEMPRE"!...
Vemos-nos na Festa.
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terça-feira, 4 de maio de 2010

Vamos fazer cestas para a quermesse

O tempo já começou a aquecer, os dias são cada vez maiores, por todo o lado se vêm flores e à tarde já se ouve cantar o cuco à costa e em castromil. Algumas manhãs mais frescas ainda nos trazem a neblina matinal que cobre tudo como uma nuvem de algodão.
O dia da festa já está a menos de um mês e ainda há tanto por fazer.  É preciso trabalhar para juntar o dinheiro necessário à organização da festa. A quermesse é uma das principais fontes de receita e ainda que todos os bilhetes tenham prémio são as cestas que todos procuram ganhar quando compram as rifas. Por isso alguns já correram as margens das ribeiras de duçãos para apanhar o vime, a verga e as salgueiras necessárias para fazer as cestas da quermesse. Depois as varas cortadas foram apertadas em feixes e postas de molho no tanque. Alguns feixes foram ainda descascadas para se fazerem as cestas mais claras que servem para levar a merenda ou por o pão na mesa. Quando as cestas são para apanhar batatas, castanhas ou carregar outros produtos da terra  não é necessário utilizar vergas descascadas.

Depois das vergas bem demolhadas chega o dia de fazer as cestas. Aqueles que querem colaborar juntam-se na casa do povo para mostrarem o que sabem e ajudar quem queira aprender. Ainda que não seja uma tarefa dificil é necessário ter as mãos fortes e calejadas para que a verga fique bem apertada e a cesta não se deforme. O cú da cesta é a parte mais dificil e nem todas sabem faze-lo bem. O mesmo se pode dizer das asas pois se ficarem mal feitas vão desfazer-se mal a cesta seja posta a uso.

Antigamente as cestas eram mais utilizadas nos trabalhos do campo e era necessário fazê-las mais vezes. Conta-se que em Espinhosela havia mesmo quem soubesse fazer alforjes em verga.


Este ano juntou-se uma boa camarada e o trabalho tem rendido bem. Já estão feitas muitas cestas, algumas bem jeitosas, e até já foram vendidas algumas a pessoas que nos visitaram. Já temos cestas para vários feitios e tamanhos e também já foram feitos alguns cestos e ainda temos verga para mais. Como hoje também foi dia de povo para tratar dos castanheiros o almoço vai ser de convivio e  feito na casa do povo.  Assim vai ser mais fácil continuar o trabalho pois não temos que parar para fazer o almoço.
Com as cestas, rendas e bordados vamos montar uma exposição do nosso artesanato que ficará na casa do povo para mostrar a quem nos visitar. Se as vendas correrem bem talvez seja necessário repetir a camarada para continuar a obra pois as cestas fazem falta para a quermesse.